quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Dente de Leão


Linha de um tom mesclado de castanhos exemplares de uma secura, Alentejo, como te descobria em cada queda livre de corrida por entre as terras semi areadas.
Os teus contornos suaves, de altos e baixos pouco acidentados, desenhando uma camada e outra de solo sobre solo.
Por vezes, discretamente lá se desenhavam outras linhas em tons mais escuros, ao longe eram sempre meio cinzentas as manchas, mas quando chegava perto, bem perto, mesmo debaixo da sombra enorme que faziam, vislumbrava-se um céu coberto de um Universo pintado de verdes, castanhos, azuis e amarelos. Uma pintura abstracta que cantava a um ritmo tão distinto, ali caia todo o meu Mundo, e parava, era o oásis da calma, por baixo de cada sobreiro a paz, a música e a borboleta cansada poisava sobre o meu nariz, fazendo cocegas, pequeninas mas já cocegas...
O corpo erguia-se e mais uma vez, as pernas cediam correndo por ali como se de uma prisão deixassem, sentir a brisa quente, o cheiro da terra era tudo. Umas vezes, e muitas que foram, um solitário dente de leão acompanhava tais correrias, nem sei se seria despique, se seria companheirismo, acompanhava, por aqueles terrenos amplos à vida. Outras, tentava eu capturar em mãos os tais dentes de leão, para lhes soprar a cabeça e ver como carecas ficavam com o sopro dos lábios...
Havia tanto sol, que por vezes chegava a apanha-lo com as mãos sem me queimar. Era tão só aquele lugar.
Humilde mas luminoso, vasto mesmo que se trata-se sempre da mesma paisagem da mesma estação da mesma sina, era tudo Tao intenso como tu.
O silencio também fala e canta.

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