terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Bocas

Decoro nos teus lábios
as palavras que me ditas
numa névoa de mesquinhes só tua
negas-me a verdade crua
decoro os trejeitos todos teus
guardando a saliva em mim
dos beijos perdidos
as tuas pausas ficam aquém de mim e do tempo
misturadas numa tábua sem retomo à vida
decoro os movimentos sempre calmos
com que me renegas de vez
decoro o sabor do som da saliva
dos recortes dos dentes da traiçoeira língua
decoro o beijo que nunca me deste
em prol de um sonho nunca sonhado
decoro os teus lábios no acaso continuo de algo inacabado
e já com um fim à vista
decoro silenciosamente a placidez da agonia
pela perda dos sentidos da vida
decoro o paladar meu pelo chão do teu avido lábio
o queimar do desejo imaculado no seio
decoro aquilo que nunca existe
para alem das bocas que nunca se sentem a serio.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Dente de Leão


Linha de um tom mesclado de castanhos exemplares de uma secura, Alentejo, como te descobria em cada queda livre de corrida por entre as terras semi areadas.
Os teus contornos suaves, de altos e baixos pouco acidentados, desenhando uma camada e outra de solo sobre solo.
Por vezes, discretamente lá se desenhavam outras linhas em tons mais escuros, ao longe eram sempre meio cinzentas as manchas, mas quando chegava perto, bem perto, mesmo debaixo da sombra enorme que faziam, vislumbrava-se um céu coberto de um Universo pintado de verdes, castanhos, azuis e amarelos. Uma pintura abstracta que cantava a um ritmo tão distinto, ali caia todo o meu Mundo, e parava, era o oásis da calma, por baixo de cada sobreiro a paz, a música e a borboleta cansada poisava sobre o meu nariz, fazendo cocegas, pequeninas mas já cocegas...
O corpo erguia-se e mais uma vez, as pernas cediam correndo por ali como se de uma prisão deixassem, sentir a brisa quente, o cheiro da terra era tudo. Umas vezes, e muitas que foram, um solitário dente de leão acompanhava tais correrias, nem sei se seria despique, se seria companheirismo, acompanhava, por aqueles terrenos amplos à vida. Outras, tentava eu capturar em mãos os tais dentes de leão, para lhes soprar a cabeça e ver como carecas ficavam com o sopro dos lábios...
Havia tanto sol, que por vezes chegava a apanha-lo com as mãos sem me queimar. Era tão só aquele lugar.
Humilde mas luminoso, vasto mesmo que se trata-se sempre da mesma paisagem da mesma estação da mesma sina, era tudo Tao intenso como tu.
O silencio também fala e canta.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Folha sobre folha

Participação intensa, intrínseca do amigo ET

"_Vou-me lembrar de ti...
Desenhando com letra bonita em post-it amarelo (8x8 cm)
'Vou-me lembrar de ti'
Desenhando palavras em post-it amarelo (8x8 cm)
'De ti...'
Desenhando as confirmações da mente em post-it amarelo (8x8 m)
'De ti? Quem?'
Desenhando dúvidas em post-it amarelo (8x8 cm)
'Lembrando de ti, algum homo spaiens perdido no Universo'
Desenhando em papel amarelo (8x8 cm)
'Esqueci quem eras, mas lembro que tinha que me lembrar de ti hoje'
Desenhando em papel amarelo de um post-it (8x8 cm) deixado ao relento
´Peço desculpa de já não saber quem és, mas mesmo assim estou pensando em ti...

(8x8 cm de esquecimento)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

talvez um desabafo

Talvez, amar seja um privilegio de alguns...
E um mistério nunca encontrado para outros.
Talvez, amar seja um poder limitado.
Um meio termo de vida, um acordo infundado.
Talvez amar seja apenas o vazio e por isso se procure tanto.
Talvez amar seja apenas uma vaga miragem de vida inacabada...
Nada existe sem amar...
Amar é meramente o engano...

Por vezes tentamos arduamente agarrar algo que nunca foi para ser agarrado. O esforço é em vão, as contemplações também e vãs todas as horas de sonho.. Tudo o acaso é apenas isso mesmo, acaso, sem mais nada a acrescentar.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Amor



Dá a tua mão à minha.
O teu sorriso ao meu.
O teu continuar à minha continuação perdida.
O teu tudo ao meu nada!
E o meu tudo seria teu tudo sempre!
Porque amar é ser no acto em si, o mais belo que pode haver para além do EU.

(amando)

Que não morra o amor, pela perda de um grande amor. Seja sempre amor mesmo quando parte, siga sendo amor mesmo quando se morre... Que seja sempre Amor

domingo, 2 de janeiro de 2011

A Bolinha Vermelha no Canto do Ecrã

Julgo que as bolinhas vermelhas nos cantos superiores dos ecrãs a evidenciar que isto ou aquilo são de algum modo complexos para os mais sensiveis, aumentam as audiências e aumentam o entusiasmo dos mais destemidos...
Não resisto (confesso) a uma bolinha vermelha, até posso entretanto desistir de tal trama, e clicar zap zip e zip zap de canal em canal; ou simplesmente utilizar aquele botão on /off que nos serve como pausa Kit Kat, mas sem antes dar oportunidade à bendita bolinha de se expressar. Hoje passa filme de bolinha vermelha, esperei não me disse nada, e mudaria a tal bolinha vermelha por uma bolinha amarela.
Afinal nos telejornais por vezes vejo coisas bem mais de bolinha vermelha do que os prórpios anuncios da bolinha vermelha mostram...