quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Calçada descida
Teus pés tortos,
caminhavam
por uma rua estreita e suja
Teus tortos pés,
dançavam,
ora em bicos, ora roçados
nas pedras da calçada...
Andar inseguro
incerto no compaço
desesperado no afago bicudo
Caminhavas
já sem medo...
Teus pés tortos,
torciam-se rua acima, rua abaixo
Teus tortos pés,
deambulavam,
pedra a pedra,
e uma de cada vez...
Desamparados,
os sapatos encarnados
já desbotados
tingidos pelo sangue da tua dor...
Teus pés tortos,
moribondos de dor
caminhavam
Tortos, sofridos, queimados, feridos, magoados...
Tortos teus pés,
que numa vida inteira
subiam e desciam a ladeira da perguiça da vida...
Eras tão só,
mas tão certa de ti...
Não devias nada a ninguém
somente o respeito a ti...
Eras tão viva,
quando te deixavas penetrar
por um outro ser vádio
que usando teu corpo ponha-te, sem o saber, comer na mesa...
Eras tão sábia,
sabias exactamente como viver a tua sina
e eras tão só
nas escolhas que fazias...
Teus pés tortos
levavam-te pelas ruelas de uma cidade louca
Por uma Lisboa em ruínas
Eras tão só
andavas à procura em cada esquina
do próximo e do outro próximo
Teus tortos pés
caminhavam
por todas as calçadas
onde tu deixavas um pouco de ti
em cada beco sem saída...
e eras tão só
uma puta da vida...
ps* lamento qualquer tipo de ofensa pelo abuso das palavras...
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Entre linhas, piscadelas nocturnas ao conhecimento... Como é belo o ser diferente dos banais, triste a curva da vida que acaba tão cedo....
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