sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Ao fundo apenas o som do baloiço velho, feito de madeira macisa, rangiam os parafusos já calejados pela existência de infâncias levadas no seu embalar. Ouviam-se os pássaros nos ninhos próximos no seu mais puro cantar, reuniões familiares, de certo. De olhos fechados poderia adivinhar onde e como estavas, era o teu ritual... Seria fácil ver-te sentado na cadeira de baloiço com os pés apoiados na cerca do alpendre, seria fácil imaginar as botas preenchidas de lama, o cigarro nos lábios, o chapéu que teimavas usar de forma a tapar o rosto, podendo assim ser fácil dormir um pouco pela calada do dia. Avançava pelo caminho de terra, deixando para trás, o portão de ferro pintado de um verde vivo, já com falta de tinta em algumas partes, expondo a real cor do ferro com mais de cinquenta anos. Passava as mãos pelas flores e ervas que me diziam bom regresso, acariciava com as pontas dos dedos a forma como delicadas eram todas elas, e a falta que me sentia das mesmas, de as sentir na pele, no corpo, no cheiro...'Como é bom estar de volta!'Ao ver-te, l´exactamente onde imaginei encontrar-te, não contive em mim o sorriso... 'Nunca nada na verdade muda na essência, nem tu!'Dei por mim a caminhar como se dança-se com tudo à minha volta... Corri as quatro escadas de forma estridente, que acordas.te de um salto.'olá, Lucas!'Ainda incrédulo e a lutar com a luminosidade do dia, encaravas a luz, e a minha presença.'oh, ah, mas... És tu?!''claro, ora se não sou eu, quem mais?''meu deus! Estás enorme...''sabes, cresci...''eu sei, estás... Ah... Estás adulta.''_hahahhaah, e tu estás um velho... hahaha...''_Menina, olha que te meto de castigo, respeito.''_Vá dá cá um abraço!'Abraçavas-me sempre de uma forma tão próxima que me esmagava o corpo contra o teu, desta vez não, não saberei se por agora ser maior e não sentir tanto a tua pressão, mas estavas a dar um abraço como se eu fosse um estranho.Olhei-te bem nos olhos, coisa que antes não fazia, tentando procurar o segredo da mudança do abraço, porque mudara? Porque já não me sentia sem ar, nem espaço, porque agora havia espaço entre ambos?
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Entre linhas, piscadelas nocturnas ao conhecimento... Como é belo o ser diferente dos banais, triste a curva da vida que acaba tão cedo....
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