sábado, 20 de junho de 2020

Um estranho dia

Do nada acordas,
levitando no tempo
um peso no peito acompanha
os primeiros passos
pela casa nua
cheia de sonhos
cheia...
Tudo como ontem,
apenas a tua falta,
o teu conforto...
A falta mais silenciosa
mais invisivel,
a tua.
Era para ser uma manhã concreta,
onde o sol banha o rosto,
e o sorriso aparece.
Vem do nada a noticia
de que a vida colhe mais um excelente homem,
e outro que mesmo ontem partiu,
ambos deixando incompletas mas tão cheias vidas.
Que pena, que inacreditavel partida...
Como do nada somos pó e solidão.
Vem um sentimento forte de entendimento,
e vens tu à minha veia,
como podes fazer tamanha diferença,
entre o estares, e o não saber de ti.
Como o teu rosto é perfeito,
como tudo em ti faz um sentido pleno,
como me revejo e sorriu
fazes-me ver para além de mim,
És tão eu, sem o saberes,
que susto de homem, que perfeito...
será sempre tu que procuro,
sempre tu, sem alcance...
E se... tudo tivesse sido escrito de forma certa?
E se... fosse tudo o que deveria ter sido?
Um amo num SE continuo...
Como sempre o erguer do rosto,
o caminhar sabendo onde estás,
tão longe de mim...
Que não seja sempre assim...
A eternidade é tão longa e distante...
Nada no ceu escreve o direito,
todas as linhas trocadas,
decompostas, unidas num turbilhao de dor.


RIP: Carlos Ruiz Zafron (escritor)
RIP: Pedro Lima (ator)

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