domingo, 4 de novembro de 2007

Gelo nos Pés


Desço descalça pelo chão frio

Os pés já gelo, onde a dor não se sente...

Desço até ao limite

Desde o alto até ao fundo do vale

Condensa-se assim a vida

Ali perante tudo, vejo-me

Fria, pálida sem cor que demonstre vida

Tudo branco, pálido sem som, sem ritmo

Sem a tal vontade,

A tal que eleva o espírito...

Desço até ao vale, e sei onde estou

Tudo é familiar,

Como se nunca de lá tenha saído

Os pássaros já partiram

Agora restam as arvores já nuas

Sem folhagem, sem cor, sós e escuras...

O vale onde flores brotam,

Agora está nu, sem vida...

Parece morto, mas não está

Hibernação de alma

Tudo frio, tudo em gelo

Mantendo segredo, do quê?

Posso correr sem medo,

Este prado não me guarda nenhuma surpresa,

Sei-o tão bem, como a conta matemática mais fácil...

Sei-o tão bem, como o ditado mais fácil

Sei-o tão bem, como o mais simples pensamento...

Desço descalça a ladeira da virtude

Frio, gelo, e não sinto a pele

O olhar já está de um azul profundo

Não estou morta, apenas cega...

Iceberg de fraqueza que não se verga

Chato pensamento, que não me abandona

Mas deixa-me a nu...

Caminho pelo condensado gelo

Descalça sem sentir que o mundo irá florir...

Caminho...

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