Na profundidade do teu ser
Está o meu imerso num silêncio
No som das águas que passam
Está eternamente o repouso de um amor
Que tardou em nascer
Nas margens de um rio
Corre nosso sangue quente e frio
Em chamas a vala tudo leva
E o vulcão ainda dorme
Correm altas as nuvens negras
E o teu mundo não é meu
Trôpego consolo de coisa nenhuma
É no cansaço que queimo a pele
E na escuridão pressinto o gelo do frio
Vasto lago cinzento de tudo sem alma
Consolo de um oceano vazio.
Correm as águas sem rumo
Turvas como os meus olhos nos teus.
Estaca no peito como um cruz de prata e ferro
Vida sem lamento é o traço de desvio
Sangue que seca na margem de um pobre remédio
Luz que se vê numa névoa sem sombra
Ou coisa alguma
Profundo ser que me abala o espírito
Que me perde o sentido lógico do chão e do templo
Alma desenhada para me trazer o tal inferno
Remédio para uma cura já impossível
Amor que nega o sexto sentido da vida
Alma que foge sem corpo
Peito que sobe e desce e nada sente
És fogo que corrói e gela o sentimento
Tudo em segredo
Num mito de sexo e flagelo de luxúria.
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