quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Nas pontas dos dedos....

Tu e eu, enlançando ambas as mãos como se o destino nos uni-se em alma e corpo. Era ficar a olhar o vazio, cheio de nós e pleno de sabor, era deixar a respiração ser una e os olhares prontos para o mesmo objecto nu, fosse um tecto, uma janela, um espelho, um rosto, um peito, fosse, fosse pedaço de nós em cada esquina, ficavamos ali, prepetuando o acto, o espaço, o tempo, a dádiva e nós...
Olhava sem descanço os teus dedos que seguravam as pontas dos meus, com a maior das delicadezas como se preciosas fossem as minhas mãos, olhava-te o sorriso matreiro com que miravas de soslaio os seios mortos já de te amar...
Amava-te, em todos os instantes que te retinha em mim, na cova piedosa que fazias ao sorrir, no jeito como o teu lábio se curvava ao dente que o mordiscava, a forma como distraídamente passavas o olhar nos contornos, eras sempre doce, meigo, puro, e macho.
Eram sempre as "brincadeiras das pontas dos dedos" que nos atiravam de volta a um rir descontrolado que nos levava a ambos para as bocas famintas, era sempre a brincadeira das pontas dos dedos, que nos faziam começar tudo de novo até novamente a calma chegar e nos deixar novamente absurtos em nós, nos contornos, nos gestos, nos passos simples do ser...
Senão fossem as pontas dos dedos que brincam nunca descobriria o quanto te amo em cada minuto de vida, senão fossem as tais pontas com as quais tu e eu ligamos a vida não saberia eu sonhar-te assim, como se uma pequena vida fosses em mim...
E tudo o resto amor é silêncio e mistério...

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