domingo, 7 de junho de 2009

Mar


Cinzento como me falas por tu e eu a ti, somos velhos amigos de um caminho que desconheço. Diz o velho calendário que é Verão, e nós, nós, olhamos-nos nos olhos e sabemos bem que não é bem assim, corre-nos o Inverno nas veias cheias de um sangue incolor. Hoje tudo é "grey", até o céu se juntou e mostra o seu sentimento turvo.
Sei que estás ferido, sinto-te, conheço-te, és o meu espelho, por fora e ainda mais por dentro. Quantas foram as noites que estive assim, a olhar-me a um espelho enorme de uma água salgada, tentando achar o rumo da vida. Quantos foram os silêncios que as lágrimas rompiam ao teu sabor, ó Mar! Não sinto senão a tua companhia, quando mais nada me acompanha. Estás sempre ai, onde a minha liberdade me chama e espera. Sei-te. E tu a mim. Olhamos-nos de frente, e não há segredos, nem meus, nem teus...
Quando partir, quero partir em ti, já o sabes desde sempre, que não se esqueça quem fica... Que a ti regresso depois do caminhar tão lento.
Amo-te para além de todo o cinzento horizonte, amo-te até na morte.



ao Mar o meu eterno casulo...

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