sábado, 2 de outubro de 2010

Perder um filho

Contra-natura
É contra o ser perder,
Desde um jogo banal
A um jogo de vida
Luto que de dor se faz
...De lágrimas se recorda
Contra-natura
Para pai, mãe, irmãos, irmãs, avôs, avós, tios, tias
Amigos, amigas, conhecidos, desconhecidos
É contra-natura
A perda sem a luta.
É um naufrágio, onde nem uma boia de salvamento foi lançada
é um embalar de ondas
das quais não se consegue molhar um remo
para se salvar
é o abalar da consciencia
o quebrar de um espelho
é o queimar a pele
pela quantidade de choro que corre
é a perda do eu do outro
e da vontade
uma perda total que mata de saudade
um continuar ausente de ar
é o já não saber ser
sem quem parte
é ser dor, luto, até rancor
é o aceitar que não chega
e uma luta de fantasma ausente
é o amar numa distância tão longa
que de tão longa apenas se sabe que não volta...
uma continuação às cegas
uma mágoa sem tréguas...
uma espera, uma espera, uma espera
por quem já não esperamos volta
resta a saudade em todos os anos, meses, dias, horas, minutos, segundos
e até nos miléssimos
quem parte, faz tanta falta...

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