sábado, 9 de maio de 2009

Sobes?


Quinta da Regaleira _ quem não se apaixona por tudo aquilo...




Não avances por aí, por onde as escadas tortuosas te obrigam a subir. Antes de colocares o pé no primeiro degrau convidativo, respira fundo, olha em volta, repara como aí, o ar não entra, repara como não existe cor, repara o quão degradantes estão as escadas pelas quais tentas subir, vês alguma erva daninha crescer por entre as pedras que formam esse teu novo altar?
Não, pois não. Nada existe a não ser uma esperança, um mito do qual nada podes esperar, ou querer ver para além de cada degrau, apenas a tua imaginação e curiosidade te guiarão, isto claro, se realmente subires ao cume desse conjunto de ilusões pelas quais podes ou não destruir-te.
Repara, que ouves, vindo do cimo de uma pirâmide cheia de obstáculos desconhecidos, que ouves?
Nada? Ouve então. Garanto que ouves o som de umas aves, não umas quaisquer, são aves especificas, são as mais negras, as da noite, as que nos anunciam as más vindas, são os corvos negros, os que avistam a mais tenebrosa verdade do Homem, a Morte, ouves agora? Vem lá do cume da tua ilusão. Local que também te mostra uma Luz, que Luz será essa? Ouves agora? Tudo o que te chama sem presas...
É lá onde todas as almas querem chegar e se perdem pelo labirinto da vida, é no cimo de todos esses vãos de pedras colocadas, alinhadas de forma a fazerem degraus atrás uns dos outros para te conduzir ao paraíso ou ao teu abismo, lá mora a tua verdade. O teu maior sonho ou pesadelo. O que de facto és, mostra-se ali. Mas estarás já preparado? Apto a saber tudo de ti? Ao mais surdido dos segredos.
E então não sobes?
E então?
Não vens?
O eco chama-te a cada dia...
Ficas onde?
Sobe?
Anda?
Vem?
Estou aqui...
No topo...
Anda!
Porque esperas?
Já aí vens?

Quem será que nos chama todos os dias a cada degrau da vida?

E então sobes?...



Cuidado com os degraus que se sobem e como se sobem...

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