domingo, 29 de março de 2009
Lá no Palácio dos Cristais (Ilusions II 3ª Part)
Beijou cada canto do meu corpo sem esquecer um único pormenor.
Entre murmúrios e suspiros consumiram assim o desejo de ambos. Eram apenas dois seres animais a responderem da forma que sabiam à urgência do corpo, reclamavam cada centímetro um do outro, como se nenhum dos dois pudesse ter mais do que o outro, era uma troca de igualdades ali naquele chão. Lá fora o dia mostrava um sol radioso, as nuvens eram poucas e brancas, estava um céu de um azul claro radioso. Tocava a sinfonia dos corpos e o tocar das pequenas conchas convidadas para tal acontecimento frutífero. Espalhavam-se cores por toda a habitação.
Quando exaustos pela dança frenética que dançavam se deixaram cair corpo sobre corpo, apenas se ouviam as respirações ofegantes e depois delas um silencio absoluto, até as conchas pareciam respeitar tal momento pois o seu som parou… deslizavam pequenas e tímidas gotas de suor pelas peles que num cruzamento de pernas e braços se colavam caminhando juntas no percorrer de ambos os corpos.
Pedro mexeu-se cuidadosamente saindo de cima do corpo da sua amante…
“Não vás!” _ suplicava em tom de protesto.
“Não sairei daqui, anda vem tu para cima do meu corpo…”
Sem demora obedeceu à prece. Os corpos nus abraçavam-se entrelaçados desde os pés aos cabelos… cada contorno do corpo era intensificado por pequenas gotas que se iluminavam com o brilho dos cristais, parecia talhada em cristais. Pedro fechava os olhos e sorria, colocava as suas mãos nas nádegas da mulher que era a sua, ou pelo menos tinha intenções de a fazer apenas sua e só sua! Sorria, porque finalmente sabia quem era a mulher que sempre estivera na sua mente, sorria porque a busca intensa que tinha feito dentro e fora do seu país finalmente tinha frutos, e estava ali deitada a maça em cima dele. Sorria mais quando sentia ainda os espasmos do corpo que parecia ser a sua continuação, sentia os mamilos dela ainda rijos no seu peito, os cabelos finos que brincavam com os seus pequenos pelos no peito, sentia as pequenas pernas entre as suas e sorria, porque nada daquilo era um sonho. Poderia acordar e ela estaria ali, poderia fechar os olhos e também se mantinha tudo como estava. Não era uma ilusão ou um sonho dos que se desfazem a cada abir de olhos, era real, tudo aquilo era real. Também os momentos onde se amaram era real. Uma nova vontade de a ter nascia… subiu com as mãos pelo corpo dela, sentiu como este se contraia, ouviu o som do seu murmúrio, e levou-a ao prazer uma e outra vez… até que cansada caiu no sono e ele também…
Eram exactamente 3:33 da tarde quando ambos se sentiram acordados por algo, olharam-se espantados, havia algo de errado por mais doce que tudo tivesse sido… Ambos tinham o coração a bater de forma irregular, ambos sabiam que algo se passava para além do paraíso que estavam a viver.
Ele nu ela enrolada no lençol onde se tinham amado continuamente, saíram até a porta para verificar se algo tinha acontecido, dentro do Palácio tudo parecia igual. Só poderia ser fora. Caminhavam de mãos dadas até à porta… de vez enquanto olhavam-se ambos preocupados, cada um a tentar acalmar o outro…
“Ali!” _ apontava e tentava controlar a voz da melhor forma que conseguia, mas era inevitável a voz saia como um guincho de pânico.
Entre as flores e ervas, havia algo semelhante a um corpo de animal estendido no tapete verde e vermelho…
“Cuidado! Eu vou deixa! Estás nu!”
“Fica aqui, eu irei, sou o homem!”
Enquanto Pedro se aventurava para ver o animal, ela tremia com pena do animal, sabia bem antes de tudo que se tratava de um veado ainda jovem, que estava ferido, com um tiro numa das pernas, sabia também que a sua mãe tinha sido morta por um caçador. Sabia também que armas tinham sido disparadas perto da colina do Palácio dos Cristais, e sabia também que iria apresentar queixa na esquadra para que averiguassem o caso. Virou costas a Pedro e ao veado, e dirigiu-se para o quarto, tirou o lençol que tinha ao redor do corpo, vestiu a primeira coisa que surgiu no guarda vestidos, um vestido muito curto e decotado de verão, mas que serviria perfeitamente, não queria perder tempo, colocou umas cuecas não importava que tipo eram apenas queria umas, desceu as escadas de caracol feitas de vários patamares de cristais, por vezes parecia que não existiam paredes nem portas, era tudo muito transparente e ao mesmo tempo com muita cor e luz. Desceu a correr para o piso de baixo, onde se encontrava a cozinha, uma pequena casa de banho e enorme sala, uma estufa enorme que usava para estudar e plantar algumas plantas, haviam mais divisões mas só usava as que necessitava. Antes de descer tinha agarrado nas calças de Pedro e na camisa branca com listas azuis claras, deixou as peças de roupa numa cadeira, e com o passo acelerado entrou na estufa. Tinha para além de muitas coisas a capacidade de usar ervas que juntava com outras ervas, mel, especiarias e cremes neutros transformando todos eles em utensílios aptos para qualquer tipo de aflição, tal dom provinha de uma bisavó que nunca chegara a conhecer mas estava na linhagem saltou efectivamente duas gerações até chegar às mãos dela, que sem o saber usava discretamente, ali no Palácio tinha-se dado ao luxo de estudar as plantas raras que por ali existiam, pesquisado pela internet quase todas, se bem que haviam umas indecifráveis até para ela que as conhecia pelo olfacto e tacto, a Sr.ª Omisha tinha também ela sido de grande ajuda em descobrir novas formas e conhecimentos que só os mais antigos possuíam… Sabia que tinha algures as ervas certas para fazer uma pomada curativa para o veado, colocou um taxo pequeno ao lume, dentro colocou três colheres de sopa cheias de mel, cinco gotas de limão, alfazema q.b., mexeu tudo, fechou os olhos por meros segundos e colocou jasmim na mistura, depois colocou um bálsamo branco que também misturou, menta, eucalipto, e tudo aquilo formou uma papa de uma cor meio verde meio lilás, à medida que ia mexendo ia ficando mais escura até que atingiu uma cor roxa. Saiu da estufa apresada e correu até encontrar Pedro coberto em sangue…
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Entre linhas, piscadelas nocturnas ao conhecimento... Como é belo o ser diferente dos banais, triste a curva da vida que acaba tão cedo....
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